Um Ano Depois


As noites eram sempre vazias para mim, meus outros irmãos viviam com minha madrinha Efigênia, eu era o caçula e sentia a ausência do paparico daquele que me chamava de: Meu “Sabuguinho”. Sempre coçava as costas de papai quando chegava da roça, tirava sua bota e trazia sempre uma gamelinha com água morna para lavar os seus pés, em troca, sempre ganhava umas balinhas de hortelã daquelas ainda encapadas com papel.

-                     Nhonhô, já comeu a seu piche? – ralhou mamãe, móque é bobo – depois debulhe o milho e dê pras galinhas e pros porquinho, Pras criação.

Ao levantar-me de meu banquinho de cerne, preferido, fui recolher minha esteira. Para minha surpresa, embaixo da velha cama em que meus pais dormiam, um pacotinho de bala esparramado pelo chão, ainda derretido pelo calor, com certeza  não lembrou de dar-me no dia em que saiu de casa; imaginei.

- Nhonhô! – berra minha mãe – vamô menino – as aves vão morrê de fome. Num quero que ocê cresça como o traste de seu pai. Uma lágrima rolou pelo meu rosto e disfarcei para que minha mão não ralhasse comigo, pois no fundo ela ciava dos paparicos dele, afinal, porque meu pai não voltou? Será que foi só porque ela ralhou? Eu sempre achei que algo de estranho estava acontecendo.


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