Exploração de menores


A vida voltou quase ao normal, um prolongado beijo selou a saudade guardada pelos breves, mas longos dias que passamos longe um do outro, amparados pelo ombro amigo de Lau e Doutor. Mário, as mãos de Elena passearam pelo meu rosto, minha mãe ao lado parecia fria diante da situação, sobre o gramado verdejante da fazenda do patrão, um empregado desce rapidamente trazendo um recado, que a princípio me parecia, que quase com certeza, sendo resultado satisfatório dos panfletos, mas a notícia vinha de outro lado, do vilarejo onde residiam minhas duas irmãs e um irmão por parte só de mãe.

Olha seo André, disse-me o moço, tem um recado pra mecê ir rápido rasteiro pra lá, tem gente fazendo mar pra vossas irmãs. Sem perca de tempo, com o motor em brasas, nós cinco seguimos rumo aos fatos, seguindo sempre as recomendações técnicas e jurídicas de quem sabe (se não fosse só um sonho), do futuro sogro.

As notícias já haviam vazado pelo vilarejo afora. Reunimos numa sala, a madrinha, minhas duas irmãs e ouvimos o relato de que tal de Fáfa estava aliciando menores para praticar atos impróprios às pessoas de bem.

Regininha, de 13 anos, foi logo remedando de como ela fazia para cativar os clientes caminhoneiros que faziam paradas no restaurante próximo dali .

- Olha Nhonhô, disse-me, Nhonhô não, concertou André, ela pediu para que nós arranjasse um vestido bem curto, passasse bastante batom e pó de arroz, ela deu até um perfume Dama para nós, disse que quando visse um, desse uma olhadinha e saísse rebolando bem assim ó, e remedou. Oferecesse um preço, caso não quisesse, abaixasse só um pouco, e depois pra repartir os trocados com ela, nós fumos até lá, mas sartemo de banda,

pedi então que Lau e Elena ficassem, pois queria ver de perto a exploração, o aproximar do pátio, ao cair da tarde, logo se aproxima uma adolescente de seus quatorze anos para quinze anos, e ainda meio arisca, pergunta meu nome, respondo vagamente, ela, agora, na companhia de uma crioulinha de corpo já formado, me convida para uma conversa mais íntima, mordendo os carnudos lábios numa insinuação perversa, senta na pequena escada da loja de baterias, e propositadamente, deixa à mostra sua intimidade, já apropriada para atrair os caçadores de aventuras.

Em momento algum quis assustá-las, mas saber tudo que elas já haviam aprendido e adquirido. Com certeza, dividindo com a tal Fáfa. Enquanto conversávamos, crioulinha Marili, se esforçava em mostrar seus mamilos que mal saliência faziam em seu sutiã improvisado. Ao me voltar para ela, logo ficou de costas rebolando o seu vestido curto e desbotado de chita, os clientes pareciam incomodados com minha presença, momento em que Rose pede para esperar, e vai em direção ao caminhoneiro que acabara de estacionar seu Alfa Romeo cara chata, discretamente ele segue, querendo esnobar com o seu torneado corpo saliente e seu excessivo perfume.

Continuo a conversar com Marili, que me convida a ficar com ela. Respondo que não posso.

- Tem namorada? – pergunta ela. Digo que sim.

- Não precisa falar pra ela, continua a adolescente.

Convidou-a então para ir até a casa da madrinha, ela toma um susto. – Você conhece dona...

- Conheço, ela é minha madrinha, rapidamente tenta se esquivar, mas com jeitinho convenço ambas a irem até lá, onde o homem do Alfa cara chata, não logrou êxito na cantada mesquinha.

No caminho da casa, ambas pedem-me que eu fique com ela, dizendo que “Gosta meu”, e em troca dariam informações, ao contrário, coloquei a mão na algibeira e lhes ofereci algum dinheiro a cada uma, onde prontamente nos relata na presença de testemunhas, toda a trajetória dos ensinamentos de Fáfa, descarada mente mostra-nos a cartela do preventivo. Sem nos comprometer, entregamos o caso nas mãos do Dr. Kamini, delegado regional onde nos prometeu preservação de direito, e blitz noturna nos postos.

No caminho de volta para casa, minha mãe resolve ficar uns dias mais com as meninas. Volto com Lau e Elena no banco traseiro. Lau irritado com o caso lamenta: - é o fim do mundo!, E, Elena se esforça e me dá um beijo. O matuto não dá trégua, e em tom de humor pede para respeitar o velho. Ela muda de cor e pede desculpas. Lau ameniza e pede-nos para ficarmos à vontade, chamando-nos de filhos, dizendo que o nosso amor é lindo e precisa ser vivido, mas avisa: - Não avance o sinar, para que o sinar não perca o valor.

- Pode deixar Lau, vamos seguir o seu conselho, completa ela.

A nossa vida parecia uma única aventura, onde sempre a realidade se fazia presente, às vezes decepcionante, mas ao lado da musa, sempre tinha seus instantes agradáveis, onde um forte abraço ou um beijo amenizava as marcas do passado ou a tensão do momento.

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