A conversa não Não passou pra lá do rio



A tarde ainda nem tinha declinado. O cheirinho de feijão da roça cozido à lenha, na panela de ferro, já fazia parte do cenário estomacal.  A viúva, minha madrinha, entretida com as panelas e a fumaça que a fazia lacrimejar, de nada reclamava. Ao perceber que eu estava rolando pelo chão, chamou-me a atenção. Voltou-se para mim e perguntou se estava sentindo saudades de meu pai. Fiz que não entendesse a pergunta, nesse instante a vizinha adentrou e foi logo interrogando sobre mim.

-         Este é o meu “Sabuguinho” sapeca? Quantos anos?

-         Dez -, respondeu minha madrinha.

-                     Foi esse que o pai foi embora prucausa da muié ter...

-                     Um psiu prolongado e cuidadoso interrompeu o diálogo, ao perceber que eu havia percebido a “gafe”.

-                     Que é madrinha? – perguntei. Foi quando madrinha murmurou o popular ditado; é rodinha de especula,  “A conversa não passou pra lá do rio”só pra me costear, realmente a conversa não, mas a linguaruda chegou a lamber as minhas orelhas. Fiquei curioso em saber o que todo mundo sabia menos eu, se é coisa de adulto, quem mais vinha sofrendo com isso era eu, mas ficou por isso mesmo.



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