Esnobia


Pra você é tão fácil dizer um não;
Quando tanto necessita de um sim;
E acha tão fácil me fazer chorar;
Quando nos teus braços tento sorrir;


Às vezes eu não entendo o teu jeito de esnobar;
Pois finge que não me quer, quando está a me desejar;
Nega-me teu braço, disfarçadamente esnoba um beijo.
Chegará minha vez, direi que não e então morrerá de desejo.


. A obra composta por mais de 60 trabalhos, já tinha sua edição toda vendida. A bela capa desenhada pelo cartunista Edybiry com prefácio do Professor Pérsio Oliver, e a apresentação da novelista Leila Micules e do Cartunista Maurício de Souza, garantiu mais qualidade para a nova literatura, patrocinado pela agremiação de uma multinacional, apadrinhado pelo Doutor Ricardo
Neves, Com exemplar em mãos, a fila espontânea de leitores se aglomerava entre autógrafos e coquetéis. Discretamente Elena dava-me assistência não querendo ser percebida, por ser discreta, onde recebeu antes da noite o primeiro exemplar. Seus pais com um largo sorriso orgulhoso aguardavam o momento de poder me abraçar e dar os parabéns. Encostado na parede, seu Silva, folheava pra cá e pra lá o livro, sem entender muito o procedimento, onde Elena entrou em ação encaminhando meu ex-patrão para receber o autógrafo, sem gozar do autor.



- O que as mulheres fazem com a gente Nhonhô? E, seriamente, deu-me um longo abraço parabenizando-me, ainda com a roupa cheirando a empório, fazendo-me recordar os bons tempos de dantes.



Lau, todo orgulhoso, apenas apreciava a capa, pois era analfabeto, mas conhecia meus versos na ponta da língua. Não faltaram na noite, nem aqueles que não admitiam meu sucesso como o Seo Cata, um ser racista, que tomou meu emprego através de uma perseguição voluntária para colocar um de seu chegado na vaga, com consentimento do Alcaide que comia na mão dele, devido os rabos presos e os benefícios que o mesmo concedia para o crescimento do ilícito patrimônio, sempre se escondendo atrás de filosóficas e sabias mensagens e até mesmo do sagrado, para se esquivar ou impressionar os menos favorecidos que viviam puxando a cadelinha e roendo ossos, enquanto eles desfrutavam do filé das limusines e da chave do cofre.



Após a noite de autógrafos, a caminhonete do Dr. Mário teve serventia, pois foi lotada para uma churrascaria próxima, onde ele e seu Silva bancaram toda a despesa para a família e os amigos mais chegados. Imaginei naquele instante a presença de meu velho querido, e veio-me o projeto de mais uma obra literária, desta vez, um romance. Abraçadinha e debruçada em meus ombros, Elena em silêncio contribuía para minha inspiração.

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